Existe um teste psicológico chamado Teste de Associação Implícita, que analisa como associamos palavras e conceitos abstratos. Isso mostra a programação profunda do nosso cérebro, aquelas coisas que adquirimos, interiorizamos e demonstramos por reflexo.
Qualquer pessoa que já escreveu uma pauta de ilustração sem definir gênero sabe do que eu estou falando. Você pede que o ilustrador desenhe uma "pessoa ingênua" e ele desenha uma mulher jovem. Uma "pessoa confiável" vira um homem branco de meia idade.
Isso só parece inocente se você não pensar que essa é a maneira mais rápida que ele conseguiu pensar de fazer a ilustração. A maneira mais instintiva, ou seja, a maneira mais próxima de como ele reagiria em uma situação corriqueira. E ela demonstra uma tendência de considerar mulheres como despreparadas e senhores brancos como fontes de conhecimento. Sinceramente, é por isso que grande parte dos 171 do mundo são homens com uma expressão honesta que sorriem muito ou mulheres com aparência frágil que choram muito. Reações instintivas de associação implícita são bem mais perigosas e tem consequências mais graves do que parecem, para todos os envolvidos. É só analisar o discurso dos que justificam o estupro ou o método de quem seleciona currículos com foto.
Mas, qualquer que seja a maneira que isso se apresenta, todos somos tendenciosos. Cada um tem um conjunto de imagens que considera normal, ou nunca estranharíamos nada. A questão é se informar sobre o quanto essas imagens foram alimentadas por uma cultura de preconceito e trabalhar para se familirizar com o diferente, buscando a empatia e a tolerância.
Felizmente, a primeira parte pode ser resolvida com um teste da Universidade de Harvad (e ele até está português!). A segunda e a terceira partes ficam de tarefa para casa.
18/05/2013
17/05/2013
Crowdfounding
Eu estava lendo um artigo sobre crowdfounding e seus limites, mas não é exatamente sobre isso que eu quero falar, porque não é em limites que eu penso quando eu vejo esses debates. O que eu penso é na liberdade de escolha, na maneira pouco intuitiva através da qual o marketing tradicional funciona e em uma história que eu ouvi de uma senhora que trabalhava como acompanhante da minha avó.
Essa senhora era aposentada, tendo trabalhado em várias coisas na vida (inclusive no campo, se não me engano). Um dia ela contou que, quando ela não estava trabalhando formalmente, pagava as melhorias da casa e os eletrodomésticos novos de que precisava fazendo e vendendo pão caseiro e cucas. Até o forno elétrico que ela usava para isso foi pago com o dinheiro dos pães.
O interessante é que ela nunca se considerou uma padeira. Ela vendia de porta em porta e só o bastante para pagar o que precisava, parando depois de quitar as dívidas. É claro que esse modelo só estava disponível para ela porque ela tinha alguma renda e podia comprar os ingredientes necessários, mas não podemos negar que ela tinha acesso a um estilo de vida acima de sua renda porque a complementava.
Da mesma maneira, o artista que faz um crowdfounding não pretende ser uma empresa, mas está fazendo esse trabalho para alcançar um objetivo, para ter acesso a algo que normalmente não teria antes do lançamento do trabalho: o interesse do público.
Eu não entendo por quê as pessoas ficam fixadas em dizer quem pode e quem não pode cortejar sua audiência para garantir o melhor trabalho possível.
E, sim, isso foi uma divagação. Go on now. Go away. O artigo de que eu falei no início está aqui.
Essa senhora era aposentada, tendo trabalhado em várias coisas na vida (inclusive no campo, se não me engano). Um dia ela contou que, quando ela não estava trabalhando formalmente, pagava as melhorias da casa e os eletrodomésticos novos de que precisava fazendo e vendendo pão caseiro e cucas. Até o forno elétrico que ela usava para isso foi pago com o dinheiro dos pães.
O interessante é que ela nunca se considerou uma padeira. Ela vendia de porta em porta e só o bastante para pagar o que precisava, parando depois de quitar as dívidas. É claro que esse modelo só estava disponível para ela porque ela tinha alguma renda e podia comprar os ingredientes necessários, mas não podemos negar que ela tinha acesso a um estilo de vida acima de sua renda porque a complementava.
Da mesma maneira, o artista que faz um crowdfounding não pretende ser uma empresa, mas está fazendo esse trabalho para alcançar um objetivo, para ter acesso a algo que normalmente não teria antes do lançamento do trabalho: o interesse do público.
Eu não entendo por quê as pessoas ficam fixadas em dizer quem pode e quem não pode cortejar sua audiência para garantir o melhor trabalho possível.
E, sim, isso foi uma divagação. Go on now. Go away. O artigo de que eu falei no início está aqui.
27/09/2012
Spam ou revelação de um universo paralelo?
Senhoras e senhores, peço sua atenção para o spam que eu recebi hoje, representado abaixo através de um print screen de qualidade duvidosa:
* Sim, eu compreendo que diz "to dony". Para fins de argumento, eu vou fingir que o email era para mim. Hey, eu já estou fingindo que a internet permite o contato com realidade fictícias!
Notem o endereço de email. Vou ampliar para que vocês vejam melhor.
Como vocês podem ver, o tal admirador secreto se identifica como SSummers1984. S. Summers. Seria ele, talvez, Scott Summers, o X-Men conhecido como Ciclope, me* contatando através das realidades? Eu não descarto a possibilidade, mesmo estranhando a maneira como ele escreveu. Sinceramente, Ciclope, vá aprender a se comunicar na língua-pátria.
* Sim, eu compreendo que diz "to dony". Para fins de argumento, eu vou fingir que o email era para mim. Hey, eu já estou fingindo que a internet permite o contato com realidade fictícias!
tagueado como:
diversão infinita,
nerdice,
teh crazy
26/09/2012
Sobre gosto, capacidade crítica e a porra do 50 Tons de Cinza
Queridos,
Ter gosto para qualquer coisa, seja esse gosto cult, camp, kitsch, erudito, pop ou o caralho a quatro, não dá permissão para falar mal do gosto dos outros. Porém, conhecer o funcionamento de uma mídia, seus signos e a maneira como ela pode ser bem feita dá permissão para falar mal de obras mal-feitas. Se chama crítica.
Assim, não tem nada excessivamente cult ou esnobe em falar mal de 50 tons de Cinza, de Código DaVinci, de Crepúsculo ou do Alquimista*, desde que você tenha tido a coragem de ler pelo menos um parágrafo e a clareza de perceber que aquele não é o tipo de livro ruim que você atura em nome da história.
Sim, porque é aí que entra a questão do gosto. Se você sabe do que gosta, então é capaz de perceber se vai gostar de algo pelas primeiras linhas, acordes ou minutos (é claro que algumas coisas surpreendem, mas são só algumas coisas).
Se, depois que você teve a oportunidade de testar a obra, ela continua parecendo ruim, sinta-se no direito de verificar se foi bem-feita e, se não foi, malhe com todo o seu coração. Porque popularidade nunca garantiu que algo é bom, bem-feito ou de bom gosto.
Agora, se você encara o livro ruim porque é exatamente isso que você procura, então junte-se à todos os amantes de filmes B no vagão do gosto camp. Não tem nada de errado em gostar de algo que é obviamente mal-feito, assim como não é errado gostar de suco "de fruta" em pó, mas não finja que é bem feito ou "o melhor" só porque você gosta.
Divirta-se com o mal-feito. Ria dos clichês. Abrace o camp.
E não venha me dizer que 50 Tons de Cinza é bom, porque eu vou te dar um soco na cara.
* Eu sei que ele é o queridinho de Holywood, mas não significa que os livros são bem escritos. E eu li mais de um livro dele, para ter certeza disso.
tagueado como:
camp,
discursando sobre cultura pop,
livros
11/09/2012
Como juntar um grupo
Eu juro que ia postar outra coisa hoje. Algo pessoal e altamente poético. Aí eu li o que eu tinha escrito e achei muito pessoal e poético até para um blog chamado Trouble With Dreams. Existe um limite para Coisas Pessoais Que Eu Vou Compartilhar.
Então fiquem com um link sobre como unir grupos de aventureiros.
E com um gato, claro.
Então fiquem com um link sobre como unir grupos de aventureiros.
E com um gato, claro.
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coisas de escrever,
gatos,
me recusando a falar da minha vida,
rpg
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