26/09/2012

Sobre gosto, capacidade crítica e a porra do 50 Tons de Cinza


Queridos,

Ter gosto para qualquer coisa, seja esse gosto cult, camp, kitsch, erudito, pop ou o caralho a quatro, não dá permissão para falar mal do gosto dos outros. Porém, conhecer o funcionamento de uma mídia, seus signos e a maneira como ela pode ser bem feita dá permissão para falar mal de obras mal-feitas. Se chama crítica.

Assim, não tem nada excessivamente cult ou esnobe em falar mal de 50 tons de Cinza, de Código DaVinci, de Crepúsculo ou do Alquimista*, desde que você tenha tido a coragem de ler pelo menos um parágrafo e a clareza de perceber que aquele não é o tipo de livro ruim que você atura em nome da história.

Sim, porque é aí que entra a questão do gosto. Se você sabe do que gosta, então é capaz de perceber se vai gostar de algo pelas primeiras linhas, acordes ou minutos (é claro que algumas coisas surpreendem, mas são só algumas coisas).
Se, depois que você teve a oportunidade de testar a obra, ela continua parecendo ruim, sinta-se no direito de verificar se foi bem-feita e, se não foi, malhe com todo o seu coração. Porque popularidade nunca garantiu que algo é bom, bem-feito ou de bom gosto.

Agora, se você encara o livro ruim porque é exatamente isso que você procura, então junte-se à todos os amantes de filmes B no vagão do gosto camp. Não tem nada de errado em gostar de algo que é obviamente mal-feito, assim como não é errado gostar de suco "de fruta" em pó, mas não finja que é bem feito ou "o melhor" só porque você gosta.

Divirta-se com o mal-feito. Ria dos clichês. Abrace o camp.

E não venha me dizer que 50 Tons de Cinza é bom, porque eu vou te dar um soco na cara.


* Eu sei que ele é o queridinho de Holywood, mas não significa que os livros são bem escritos. E eu li mais de um livro dele, para ter certeza disso.

5 comentários:

  1. Olá, Saoki.
    Tem uma frase muito legal que eu li certa vez e que pra mim faz todo o sentido do mundo que diz que quando um livro está fazendo sucesso quer dizer que ele está sendo comprado por muitas pessoas com menos de trinta anos.
    Sucesso não quer dizer nada, SEMPRE irá existir algo ruim fazendo sucesso baseado na preguiça mental e mediocridade humana.
    não li e nem quero ler 50 Tons de Cinza, que, pelo jeito, faz sucesso porque faz sucesso.
    Concordo contigo que obra ruim é obra ruim e pronto, o fato da pessoa gostar não muda em nada o fato de que é ruim.
    Da mesma forma que respeitamos quem curte ruindades, esperamos que estas pessoas também respeitem nossas opiniões.
    Abraço.

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  2. Também concordo com ambos: 50 tons de cinza é uma rica de uma bosta!
    Contudo, ao contrário de vocês, não consigo respeitar quem perde seu tempo para ler uma asneira desmedida como essa e dizer que leu um livro.
    Não gostou de On The Road? Ok, isso eu respeito. Curte (e lê de verdade) Clarice? Beleza. Agora chamar 50 tons de cinza de livro é ofensivo.
    Deixo de falar com quem me disser que leu isso. É a vida...

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  3. Tatiana2:29 PM

    Eu acho que a gente acaba caindo em outro clichê, pq até o que BOM é relativo. O que é pra mim pode não ser pra vc.
    Acho que não pode nem deve ser considerado uma OBRA, mas a leitura fácil e descontraída atrai. E sexo tb.
    É cheio de clichês, o que eu detesto e bastante previsível frequentemente, mas CRÍTICA, dó deve ser feita por quem já leu.

    E gosto mto do que vc escreveu... ''popularidade nunca garantiu que algo é bom, bem-feito ou de bom gosto''.

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  4. Anônimo10:14 AM

    Ótimo post. Se toda unanimidade é burra...bem, paro por aqui...

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  5. Anônimo11:13 PM

    Sob meu ponto de vista O LIVRO DE ROMANCE ERÓTICO NÃO TEM NADA: O livro fala de um homem, que tem aparência de perfeito, mas que se tornou um "monstro" em sua sexualidade por ter sido violentado quando criança. Ao invés do Sr. lindo virar um pedófilo e fazer com outras crianças o que fizeram com ele, ele se tornou um sado, pois na cabeça "dele" a única forma de vencer seus traumas é "humilhando, torturando, causando dor em alguém". Quanto à Anastácia, ela não é uma jovem virgem que se apaixona por um cara rico que pode lhe proporcionar tudo. Ela é simplesmente uma garota comum, como nós, que conhecemos alguém que faz nosso corpo tremer mas que ela julga ser superior a ela, sempre se perguntando: o que ele viu em mim? (quem nunca pensou isso???). Ela não está interessada no dinheiro, pois a todo instante ela se sente constrangida pelos presente. Ela simplesmente se apaixonou. E ela sofre por saber que a relação "não tem futuro", que não sairá dali nada de bom, mas insiste porque "ama" e quer pelo menos tentar, tentar e mostrar para si mesma que é capaz de mudá-lo, de curá-lo. Quem de nós nunca passou por isso? quantas de nós já sabíamos desde o princípio que uma relação não iria ser boa mas por teimosia optou-se por continuar? (ou para provarmos para nós e para os outros que somos capazes) e a todo instante, por estarmos "cegas de amor", nos deixamos maltratar, humilhar, torturar, ser violentada, estuprada (assista o filme DOG VILLE), no sentido de termos que passar por situações não desejadas só para querer agradar o parceiro. O que seria mais humilhante? ser amordaçada porque assinei um contrato sexual e deixar ser chicoteada ou ser traída por meumarido na minha própria casa com minha melhor amiga? ou o que é mais humilhante, seu amor dizer que te ama e depois dizer para os amigos que só está com vc pq vc é boa de cama? e assim sucessivamente. Certamente, já nos envolvemos com canalhas, já nos iludimos com frases do tipo: Ele não quer assumir um relacionamento sério comigo porque ele já foi traído no passado. Mera desculpa. Igual a do livro. A Anástácia tenta justificar as ações do lindo por tudo que ele passou no passado...mera coincidência se já tivermos passado por isso em alguma situação...

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