16/09/2005

"...metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade não sei..."

Metade (Oswaldo Montenegro)


Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
pois metade de mim é o que eu grito
a outra metade é silêncio
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
pois metade de mim é partida
a outra metade é saudade
Que as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos
pois metade de mim é o que ouço
a outra metade é o que calo
Que a minha vontade de ir embora
se transforme na calma e paz que mereço
que a tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
a outra metade um vulcão
Que o medo da solidão se afaste
e o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
que me lembro ter dado na infância
pois metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o seu silêncio me fale cada vez mais
pois metade de mim é abrigo
a outra metade é cansaço
Que a arte me aponte uma resposta
mesmo que ela mesma não saiba
e que ninguém a tente complicar
pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
pois metade de mim é platéia
a outra metade é canção
Que a minha loucura seja perdoada
pois metade de mim é amor
e a outra metade também

Quem não gosta de Oswaldo Montenegro, ou tem preconceito ou não conhece mesmo. Ele é um verdadeiro menestrel. Poeta, escritor, músico maravilhoso (meus deuses, o que são os arranjos dele?) e com um jeito blues de cantar a alma que não tem como resistir.
Eu sei que muita gente não gosta de música calma e reflexiva (não que eu entenda esse fenômeno), mas para todos que gostam de relaxar e pensar recomendo o Sr. Oswaldo Montenegro.

Vai lá, tem cds dele por 5 pila na Multissom. Se não quiser gastar sou capaz até de emprestar um dos meus. Ou melhor: chamo pra minha casa e a gente ouve um vinilzão tomando mate.
(mas não encorajarei a pirataria em fórum público ;)

3 comentários:

  1. Anônimo9:04 AM

    Claro, o Oswaldão... Baita parecero meu!

    Olha o comentário aleatório... o Gmail virou o novo hotmail :S
    Todo mundo agora tah fazendo, por causa do Orkut. Até a minha prima avessa a computadores fez um. É o fim do mundo...

    Tenho novidades ^^

    Tanto minhas como da família. :P
    Recebi o contatinho aquele, uma cantada via MSN e uma cantada duma guria de 12 anos O.o (MEDDDOOO!)

    Meus papéis estão indo, quer dizer, em três meses (por ai) estarei indo embora!!! :D

    E a minha madrasta está grávida :O

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  2. Anônimo9:59 AM

    Aqui em Belo Horizonte tem uma livraria excelente no centro de livros usados. Coisa velha mesmo. Comprei meia dúzia de livros de Conan Doyle (elementar, caro Watson) por uma bagatela de 12 pilas. Isso mesmo. 2 reais cada um. Mas legal mesmo, pra quem gosta, é a diversidade de discos de vinil que tem lá, por dois reais cada também. Bom né? Se alguém quiser algo, me encomenda. Eu compro lá e mando via sedex, se estiver de bum humor. Até

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  3. Olá!

    Meu nome é Ingrid e sou amiga do Moisés. Conheci seu blog através dele.

    Adorei seus posts.
    Especialmente este "Quando tudo pode ser arte, porque a errada sou eu?" .
    Me identifiquei em partes. Pois sou designer. Design é bem diferente de arte, mas também é mal compreendido.

    Vou te linkar no meu blog, pois gostei de você e vou passar mais vezes aqui.

    Bjos.

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